Tan – Tan – Tan – Tã.
O brilho suave e prateado da lua cheia ilumina os meus
sapatos quase novos. Sinto-me importante outra vez enfim. É noite, a cama não
chama e nem o travesseiro satisfaz.
Na rua.
É onde a procura acaba. Sinto um perfume qualquer que exala
não sei de onde. É quando ouço o som soar.
Tan – Tan – Tan – Tã.
Caminho um pouco mais e vejo a porta aberta, a luz, que é
meia-luz, acesa. A melodia me tenta, tento fugir, afinal, é só uma caminhada,
mas a rosa no cabelo me puxa tal tivesse a força de mil exércitos.
Vem, é só uma dança!
O salão ainda vazio, mas não importa, fui escolhido pela rosa,
pelo vestido justo ao corpo, pela melodia melancólica e cadenciada do bandoneon.
Sinto-me apenas flutuar, faz tempo desde a última vez, muito, e é como se não
fosse. Aqui, riscando o chão desse lugar tudo faz sentido.
As dores da vida, do amor e do mundo não tem nenhuma importância.
Somos todos hipnotizados por essa vida e tal como hipnóticos seguimos até o último
salão cerrar suas portas.
Tan – Tan – Tan – Tã.
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