O fogo e o pavio viram uma chama
que aos poucos vai crescendo e apontando para o céu. Criam uma ponte que
ninguém vê, mas que se torna tátil por algo que também não se explica direito,
que está ali e sempre esteve. É disso que é feito esse momento para o homem que
vem de longe e que é humilde, para a madame que veio diretamente da aula de
Pilates, para a criança que não sabe direito porque vem, mas que sabe que
depois disso tudo vai ter doce e bolo na confeitaria da esquina. Cada um acende
a chama para o que quer, cada um persiste nela para o que precisa.
Enquanto isso é noite escura no
centro do infinito, mas não aquele tipo de escuridão que assusta, mas uma
escuridão feita de um negro que cobre tudo como um manto e que traz a prata da lua
cheia estampada em si. Nas ruas deste lugar não é necessário que haja asfalto,
pois não existem carros nem outros tipos de automóveis somente passagens que se
entrelaçam para a travessia dos que vivem neste lugar. Um homem de vestes
escuras, de uma elegância antiga e olhar fixo no horizonte está à espera de
algo enquanto dá baforadas num cigarro. Tudo é silencio.
O campo é repleto de árvores
frutíferas, pássaros cantam alegremente a todo instante e a água corre límpida
e graciosa no riacho que vai em direção ao sul de Todos os Lugares. Sentado em
uma pedra que o deixava ligeiramente mais alto que os animais que vinham vê-lo
atraídos pelo som, um menino de cabelos cor de cobre, braceletes de ouro e pele
muito alva tocava delicadamente uma flauta também dourada. Ele parecia não se
importar com o que acontecia a sua volta, somente a música que compunha sem
nenhum planejamento ou preocupação. Tudo é inspiração.
E então a chama que apontava para o
céu invade tudo e tudo é luz, tudo é calor. O homem de escuro ainda com olhos
fixos no horizonte, ri. O menino tocador, faz mais e mais floreios em sua
música.
Tudo é luz.
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