domingo, 5 de janeiro de 2014

O dia da traça


“Daqui não irás passar!”, falou com toda pompa e sequidão um guarda de lança em punho e armadura vestida, a ele não dei ouvidos e adentrei o lugar com o foco de um caçador e com agilidade tal bicho veloz das savanas do tão perto e tão longe continente africano. Eu sabia o que queria naquele momento. Logo que dentro do lugar, amplo e imponente, fui convidado a sentar à mesa com dois homens que bebiam Whisky. Segundo um deles ao erguer-me seu copo, “Bebida não é algo feito pela mão do homem, mas pelos instrumentos misteriosos e eficazes do tempo”. Decidi não beber, me pareceu pouco apropriado misturar as minhas horas de busca com álcool.

Me embrenhei por entre os imensos corredores e deles vinham sussurros, música, cantos, dança, passos, diálogos, brigas, gritos e tudo foi ficando ensurdecedor demais para se prestar atenção onde se podia pisar e quase viro cativo da música de um flautista, mas segui. Tiros de canhão, soar de sinos, risadas, lamentos, o perfume da guerra e o odor da paixão, tudo ao alcance da mão. Por fim, consegui os volumes que queria dentre as variadas formas, tamanhos, capas, títulos e estórias colocadas naquelas estantes que pareciam mais vivas até do que eu mesmo.

“Mais alguma coisa, senhor?”


“Vocês tem marca-página?”, era o que eu devia ter perguntado, mas sempre esqueço. 

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