sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Infância


Abri os olhos como numa manhã qualquer e pus os pés no chão. Era um dia como outro qualquer. Na minha janela entravam poucos raios de luz. Ainda sentia o atordoamento do sono. Abri a porta e naquele instante vi que algo não estava bem.

Senti um cheiro bem particular ao pisar fora do meu quarto. Era bolo de milho. Ao tentar abrir melhor os olhos vi que aquela casa era a minha casa, mas há uns vinte anos atrás! Foi quando olhei no espelho e não acreditei...

Me olhei no espelho e me via como se tivesse voltado aos meus dez anos. Impossível!  A casa estava vazia, mas não dava para ignorar o aroma daquele bolo que só a minha vó sabia fazer. Vi a porta da casa. Abri. Ganhei a rua. Tudo parecia normal, mesmo porque nunca imaginei o passado em tons de sépia, mas eu me via diferente. Como alguém com mais de quarenta anos vira uma criança? Eu não estava sonhando. Não era sonho!

Andei alguns quarteirões sem notar antes do último que atravessei que não havia pessoas nas ruas. Tudo muito bem cuidado, mas tudo vazio e quieto.

Vi uma praça. Era iluminada e cheia de gente: Homens, mulheres, jovens, idosos, crianças. Talvez lá eu pudesse descobrir o que acontecia comigo. Resolvi chegar e abordar um homem. Ele me olhou, mas nada falou. Tentei uma senhora de cabelos brancos, também não tive sucesso. Eu já estava muito nervoso. Ninguém falava, mas todos interagiam e pareciam felizes.

Até que uma menina de uns nove anos chegou perto de mim e disse: “Nunca saímos dessa praça. Não precisamos de outro lugar. Tudo o que queremos está aqui. Todos queremos que você fique”.

Após ela dizer isso, me senti encolhendo aos poucos. Até começar a ouvir uns estalos “Clic”, “Clic”, “Clic”.

- Ok, Alberto. Chega de terapia por hoje.
...

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