Quantas árvores sangraram, morreram e renasceram aqui?
Quantos incontáveis grãos, talvez da areia que viajou muito
mais milhas do que eu posso imaginar, se uniram pra formar esse vidro
que protege a mim agora.
Eu olhando pro nada, com olhar bobo e sorriso alegre que não
muda mesmo que algo totalmente do avesso aconteça.
Eu vou continuar ali, imóvel, feliz. Pois um dia num tempo
já remoto me fizeste sorrir, olhar com orgulho pr'aquela lente que fria apenas
capturou o que via.
Não há mais porque.
Sem mais nem porque.
Tua beleza ficou registrada naquele pedaço de papel. Junto a
minha mocidade, que já vai longe. Junto a minha ingenuidade, já morta. Junto a
minha felicidade, já torta.
Desentorta. Ajeita na parede nosso quadro e no criado-mudo o
mais belo porta-retrato de outrora.
Deixa aí.
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