domingo, 22 de dezembro de 2013

Vórtice

“Eu não acredito!! Coisa boa te ver de novo! Vem cá, me dá um abraço!” Meu estômago embrulha, dá voltas. Nem a maior montanha-russa na qual eu já estive fez algo semelhante comigo...



A porta se abre. Vejo uma casa a qual não conheço e tudo o que está dentro dela não me pertence. Causa-me certo estranhamento pisar nesse chão e é como se tivesse entrado num vórtice que me sugou e me deixou sem as memórias de quando e como acabei nessa situação.

Nada me agrada. De repente, um rapaz novo de roupas em tons escuros me aponta para uma mesa de jantar com uma toalha simples, mas bem ornada, dentro de uma sala de jantar não muito grande. Ele me pergunta se eu sei o porquê de aquela toalha estar ali daquela maneira, respondo que não faço ideia. Então ele me diz algo sobre o esoterismo, portais e outras coisas cósmicas. Penso em quanto tempo eu não vou à igreja, depois constato que nunca fui muito de igrejas ou lugares sagrados mesmo.

Após a pequena lição ele me acompanha alguns passos a mais até um corredor horizontal com duas saídas, uma para a sala de estar onde uma mulher de meia idade, muito bem vestida, com os cabelos presos num coque e dentro de um vestido florido, quase como aqueles que se põe para ir à festas, assistia calmamente algo na televisão.

Na cozinha, era ela de costas. Até de costas ainda a reconheço. Conversava com uma outra mulher que ao me ver sumiu. Quando enfim fui notado, ouvi um, “Eu não acredito!! Coisa boa te ver de novo! Vem cá, me dá um abraço!” e se aninhou em mim. Ainda vestia um pijama de cores claras: calça, blusa e um robe aberto que era algo como rosa-claro ou azul-bebê. Ao vê-la, fiquei contrariado. Não pude evitar...

Senti algo como um apagão outra vez, aí o tom da conversa já estava em “Josias quis saber por que você não foi conhecê-lo ... ”.

“Você só pode estar brincando! Tá achando que eu sou o que? Palhaço, por acaso?”

“Não grita! Tem muita gente aqui. Não quero que nos ouçam.”

“Não me interessa que nos ouçam... Eu nem sei o que me trouxe aqui..”

“Não fala assim. Você não o conhece. O pai dele é muito poderoso. É dono de muita cosia. Tu vai correr perigo se ficar se negando a fazer o que ele quer..”

“É assim que você é tratada, pelo visto. Ainda reage na base do medo porque o pai dele....Quer saber? Por mim o pai dele pode ser Deus. Ele não é mais homem do que eu! Isso é patético!”

Abri os olhos com a cabeça e os braços dormentes...


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