domingo, 10 de março de 2013

Close


O retrato pendurado na parede deixou só a marca do tempo que ficou ali, nada mais. Bilhetes ficam sempre espalhados pelo chão, pois tenho a mania de fazê-los e me convencer que eles  nunca ficam do jeito que eu quero.

Alguns acabam indo fora, com tudo o que estava neles.

“Leite, arroz, açúcar, shampoo...”.

“Quais os cinco países mais bem estruturados economicamente da Escandinávia?”

“Sugestões de leitura: ‘Amor Líquido’, ‘O Apanhador no campo de centeio’”.

Se um dia eu estivesse contigo, seria muito mais .....”

Recentemente os troquei por outro estilo de bilhete. Os de cinema. Esses sim são muito mais bem resolvidos que os meus.

Lá, descobri que esses novos amigos me mostraram algo que eu nunca tinha visto: O encanto da tela.

A hora da espera na antesala, ou mesmo na fila. Os convites que faço e recebo para sempre voltar e assistir o que quer que seja. Acabei virando o artista principal outra vez.

Sem coadjuvantes, sou diretor, roteirista e às vezes dublê quando tudo parece perigoso demais.

No close final, todos esperam que haja cena típica ou beijo na mocinha. A tela vai se fechando aos poucos e o foco ao invés de ir para o casal apaixonado, mostra o bilhete que estava ainda no bolso do nosso herói:

“Vai em frente. Se não for por vocês dois, que seja pela gente”.


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