domingo, 10 de março de 2013

Sobre uma pessoa só


Bobagem dizer que andava sozinho. Isso nem ao menos é uma maneira de começar a escrever qualquer coisa que seja. Todos andamos sozinhos na maioria do tempo. Em sentido literal...

Recomeçando. Passava a maior parte do tempo sozinho. A cidade, muito grande. Fazia com que esse sentimento só se agravasse. As ruas cheias de gente caminhando pra todo lado não melhorava esse quadro.

Sonhava em estar em ruas bem menos urbanas, menos movimentadas e mais iluminadas, mas seu cotidiano enfumaçado pelos coletivos apressados fazia com que ele quase sempre esquecesse desse desejo.

Acordando cedo e dormindo tarde. Quê tinha mesmo de comprar no açougue? Passar no banco, ver o que ainda me sobrou do mês. Que vida!

Gostava quando chovia. Nem se importava que o resto da cidade ficasse um caos. Sua vida se enchia de graça, pois desde cedo aprendeu a ficar vendo a chuva na janela da casa da Vó Laura. Quando menino gastava as tardes com barquinhos de papel. Confeccionando-os. Alguns guardava para o próximo dia de maré-cheia;  outros, soltava livre nas correntezas dos meios-fios.

Crescido, esqueceu do encanto das tardes. As substituiu por canecas, cafés, papeis (estes muito mais importantes e burocráticos). A vida de adulto o engoliu tal um monstro marinho.

Não tinha tempo de ter tempo. Tudo estava na sua agenda. Até as visitas a mãe. Sentia falta de algo diferente, mas igual a ele.

Vinha olhando pra baixo, concentrada em algo ou talvez distraída. Nesse mesmo instante, ele sentiu que não precisava mais andar sozinho, nem queria. Ela, achou que podia se concentrar em mais alguma coisa.

Começaram a andar a sos...

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