- Isso! Boa! Olha pro outro lado agora. Ajeita o cabelo!
Sorrindo, sorrindo. Perfeito. Tá ótimo por hoje. Até amanhã, querida.
Quando eu era chamado pra fotografar, assim, de brincadeira,
nos aniversários, nem imaginava que o meu sustento ia sair disso.
Os olhos do fotógrafo devem ser mais atentos que os das
pessoas comuns, pois tudo acontece a nossa volta o tempo todo. Todos deveriam
notar tudo de interessante que acontece. Nem todos têm tempo ou vontade.
Ao entardecer a cidade fica muito mais iluminada. É quando
saio pra clicar o que realmente gosto. Não somente o que é belo, mas tudo o que
é vivo.
As dores, o sofrimento, os risos infantis, a multidão, a
pressa. Nada disso pode ser registrado em um estúdio ou no rosto e nas poses
fabricadas de uma adolescente precoce que sonha com uma vida em Milão.
Paro em frente a um café, vejo o homem sozinho com um livro
aberto, a menina acompanhada de um
sorriso torpe, o músico que toca uma música alegre demais para aquele ambiente.
Todos ligados demais nas suas próprias existências e de menos na música em si.
Isso vale uma foto.
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