quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Tempo


Sinto o sol tímido da manhã bater em meu rosto. Acordei cedo e nem estou atrasado para o trabalho, o que é um milagre.

Sinto que ainda tenho tempo de tomar um café razoavelmente sossegado.

Entro no bar de paredes e piso brancos. O cheiro de fritura me faz lembrar de tudo o que ainda preciso fazer até às seis da tarde. Mas melhor não pensar nisso agora. Preciso de uma xícara ou duas de café antes de encarar tudo isso.

Todas as mesas do bar têm tampo de vidro. Provavelmente são assim para facilitar a limpeza.

Para economizar tempo.

Abro o jornal. Nele estão algumas notícias requentadas. Estamos numa época do ano, ou da vida, em que nada parece ser realmente novo. Olho as fotos com atenção. Talvez nelas eu entenda boa parte da notícia e assim não precise ler. Sim, sou um leitor de meia-tigela!

Olho para o relógio. Ainda me resta algum tempo. Resolvo pedir o café a garçonete de olheiras marcantes. 
Olheiras de quem tem um mundo nas costas e que já não liga direito para o que faz.  

Talvez ela nem tenha tempo de ver a família, ou não teve tempo de formar e cultivar uma...

Ou eu mesmo esteja com tempo de sobra pensando nisso tudo.

O café está melancolicamente ruim. Não quero perder mais meu tempo aqui.

Não há mais tempo pra isso. 

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